terça-feira, 15 de novembro de 2016

O DIA EM QUE EU ME TORNEI INVISÍVEL...



Não, não adianta esperar que eu diga a data exata, ou o momento certo em que um clique no meu coração me disse: chegou a hora, você ficou invisível...
Não adianta pedir uma definição científica para o que eu estou sentindo de um tempo pra cá. É como estar adormecido por tanto tempo como se já fosse um cadáver, a única sensação que se pode descrever é esta — e olha que está muito mais trágica do que a realidade. Uma realidade vegetativa e nula, de quem não vê outra solução a não ser deixar o barco descer o rio sem os remos... remos inúteis...
O dia em que eu me tornei invisível passou despercebido como qualquer outro dia e só foi notado depois, quando você para e pensa: perdi muito tempo, poderia ter feito isso ou aquilo, poderia ter estudado isso ou aquilo, ter assistido isso ou aquilo, enfim, é como se você tivesse duas escassas horas disponíveis para assistir a um filme e no final das contas, passa mais de uma hora tentando escolher o que assistir.
Foi assim que esse dia chegou e passou. Coração apertado virou coração gelado, mãos rápidas ficaram calmas e sábias de um jeito triste. Ah, e tudo agora se resolve dormindo, bebendo, esquecendo... com algum auxílio terapêutico...
As decepções agora trazem consigo apenas um sentimento do tipo: eu já esperava exatamente por isso... Parece que você se tornou um médium todo especial, prevendo com sucesso o futuro instável, mas a realidade é que você já leu tantas vezes o mesmo roteiro que ficou cansativo esperar por algo diferente. Imagina se existisse mesmo algo diferente nessa sua história tão banal que algum desavisado escreveu?
O problema é mesmo este: existem tantos livros publicados por aí, que fica normal você se sentir como qualquer um, que não mereceu importância o bastante para ser lido como um best seller ou ter pelo menos uma capa bonita... e pior, você jamais vai entender o porquê...





Oswaldo Juliano Sandi