Os anos iam e vinham e eu sempre tive essa coisa com a
virada. Nem sei direito como explicar, só sei que eu não me importava com as
outras festividades de final de ano da mesma forma que o Ano Novo me movia. Mas
foi bastante complicado. Os anos iam e vinham e lá estava eu angustiado,
preocupado com o lugar, com as companhias, com a melhor vista, com os fogos
silenciosos, com o espetáculo mundial no qual a festa se transformava. Com o
tempo tomei um pouco de desgosto, passei um Ano Novo sozinho em casa. Nunca me
preocupei com essa questão de datas, aniversários, etc. Mas ano novo... ah, eu
era capaz de chorar quando tudo dava errado!
Mas quem diria que no melhor deles eu nem veria os fogos.
Estava feliz demais, alto obviamente, mas feliz. Não tinha nenhuma companhia
que eu quisesse além da sua. Não tinha vista, nem fogos mirabolantes, nada de
espetacular... somente o que estava acontecendo dentro de mim.
Não me lembro dos últimos drinks que tomamos e que você
insistia em derrubar um pouco pra dar sorte, nem de como saímos da mesa, nem da
nossa pausa para cuidar do chão da cozinha... Só ouvi os estrondos distantes,
mas nem sei se consegui abrir os olhos pra vê-los. “Já é Ano Novo?" Sua
pergunta me fez rir, “Acho que sim”, olhei no celular e depois adormeci. Tum-tum,
tum-tum, tum-tum... O único espetáculo da noite foi adormecer ouvindo seu
coração, não lembro de mais nada, mas posso apostar que eu dormi sorrindo e em
paz.
Oswaldo Juliano Sandi