quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O RETORNO DE SATURNO

A minha hora chegou. O meu temido retorno de Saturno onde dou uma volta completa ao redor de mim mesmo e descubro qualquer possibilidade de ser feliz... ou não... É como se esse Saturno fosse a minha Apollo 19, assim mesmo, sem qualquer associação com outra nave, sem sobrevoar nenhum espaço habitado, porque essa é a minha missão particular e solitária. Porque a esta altura não dá pra parar e perguntar a algum outro pedestre espacial: "Hey, dá pra ver se ainda estou inteiro? Será que sobrarão pedaços nessa aterrissagem?"
Sim, cá está a minha Apollo, dando a volta da completude, no que significa entender que o aprendizado da vida acabou o seu ciclo e que não há mais milagres desconhecidos. E, assim, paradoxalmente, volto a ter um ano de vida e esqueço de toda a finitude das minhas possibilidades e, como na imagem do ouroboros, cá está o retorno.
Volta.
Volta pra onde?
Volta pra quê?
Volta.
Volta completa.
Nave em pedaços.
Definitivamente, o Retorno de Saturno é algo entre a dor e a tranquilidade, um vazio que você não entende se será bom ou ruim. Diferente de qualquer outro vazio, este não causa desespero. Este vazio dura mais que os outros, mas o sofrimento que causa não dura mais que um dia, porque você sabe que não há mais tempo de chorar e esperar que alguém lhe enxugue as lágrimas, porque isso não mais acontecerá. O tempo da ilusão e da descoberta já se foi... Agora é você sozinho com sua sabedoria...
Agora é tempo de constatação: só é sem limite quem engendra o trabalho vaidoso da maldade...







Oswaldo Juliano Sandi

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