domingo, 11 de janeiro de 2015

ENCOMENDA

Até parece que a gente mudou tanto assim... mas não mudou... No fundo, no fundo, continuamos os mesmos garotinhos ingênuos e cheios de fé. Bem, pelo menos é desta forma que eu continuo vendo. A gente se encontra, a gente lança os dados, a gente confia na sorte, pra esquecer que no fim não há sorte, há motivos... Tenho apostado bastante nessa sorte ultimamente. Essa sorte de conhecer alguém e esperar pelo melhor e, bem, vieram muitas pessoas legais em contextos complicadíssimos e outras nem tão legais. Será que a gente uma hora vai ter que 'dar um desconto' pra determinados contextos pra não terminar sozinho? Isso eu ainda não sei, mas continuo tentando...
Foi bem assim: um papinho rápido que eu julguei bastante frio, monossilábico e sem futuro, mas aconteceu. Bolei um plano pra ter liberdade e saí. Quando topamos em frente à lagoa, fiquei entorpecido pelo seu hálito... e pela sua pessoa extravagante de simplicidade.
Tudo bem, é uma história longa, ou melhor, são várias histórias longas intercaladas e muito suor... Transpiração pra conversar e pra relembrar, pra viver o que foi vivido e pra sair do sofrimento sentido. Mas passou. Agora estamos apenas contando o que houve nas nossas vidas e passando um pouco de calor. E que vidas movimentadas! Quando eu era pequeno eu nunca ia contar sequer uma dessas histórias confusas que contamos entre uma cerveja e outra. Quando o lugar fechou, as histórias acabaram. Foi só aquela sensação: 'e agora?' Não sei bem lidar com situações assim e foi preciso pesquisar. No fundo, no fundo, eu também sabia desde o começo que você preferia a montanha.
Bem, subimos nossa montanha um pouquinho embriagados — eu estava tentando disfarçar, porque sou fraco pra bebida — e foi aí que tudo aconteceu muito rápido, num flash meio doido que só acontece num acidente de trânsito e aí fiquei me perguntando quando aconteceu esse momento em que me esbarrei com o acaso e ele derrubou essa encomenda. Uma encomenda muito bonitinha, por sinal, toda arrumadinha e cheia de umas manias que dão vontade morder... É claro que fica aquela sensação de estar pegando algo que não é seu, mas é normal, é o acaso pedindo devolução logo no dia seguinte, num revés da lei da compensação...
No fim de tudo isso, lá estava eu, cabeça pendida pra trás, relembrando que de noite dá pra ver algumas nuvens. Mas as estrelas brilham bastante também. E foi olhando as estrelas, conhecendo seu rosto com as mãos, que eu me perguntei de novo, como sempre faço quando sinto vontade dar um pause na vida: "e aí, sorte, estamos aí, ok?"
Não dá pra definir o que virá, se vão inventar um outro aplicativo que vai lhe entregar a combinação perfeita, só sei que sou capaz de supor que dá pra viver bastante coisa boa com uma pessoa com a qual o acaso nos presenteia. É claro que existe aquele medo constante de tudo desabar como qualquer coisa vem desabando, e desanima só de pensar que vão desabar quantos edifícios forem necessários até que aconteça uma estrutura de verdade que mantenha tudo de pé como a gente sonha...

Alea jacta est...



Oswaldo Juliano Sandi

2 comentários:

LuisDomingues disse...

Sempre leio o blog... esse texto é o melhor!

Oswaldo Sandi disse...

Que legal saber disso! Seja bem-vindo sempre. Já nos conhecemos ou você descobriu por acaso?